segunda-feira, 2 de março de 2009

Coisas do Arco da Velha

Hoje é Domingo. Não é, mas é como se fosse. Tirei o dia para limpar e arrumar a casa como deve ser, por isso bafejar o dia soalheiro só pela janela quando estender a roupa. No entanto, saí de casa há bocado para comprar tabaco. Estou a reduzir (cigarrinho só depois das refeições, sendo que em muitos dias nem isso) mas apetecia-me fumar e não havia nada em casa. Indumentária: vestido cinzento, collants e as Melissa novas que afinal não foi nenhuma das que pedi, mas são giríssimas e - maravilha - servem-me! Maquilhagem, nem vê-la, só um brilhozinho nos lábios para compor. Afinal, ia só até ao café da esquina, onde bebo a bica diariamente desde há 4 anos, quando me mudei para cá, e onde já comprei maços de tabaco suficientes que em Euros dava para ir até Nova Iorque e ficar instalada no Hilton durante uma semana.
Peço o que tenho a pedir e do outro lado do balcão, a velhota responde-me:
- Tu tens 18 anos?
Toda eu corei. Se tenho 18 anos? Tenho 24, quase, quase nos 25. Noutras alturas, talvez daqui a 20 anos, se me tirarem 10 fico feliz, mas não quando quero comprar tabaco e não tenho o BI comigo, já que saí de casa SÓ para comprar tabaco.
- Nasci em '84, minha senhora, já tenho 18 anos, pelas minhas contas, há quase 7.
- Não me parece que tenhas 18 anos, e não te posso vender tabaco.
Fosga-se, já passei pela Universidade, já saí, já trabalhei numa data de sítios, vivo sozinha há 7 anos, fumo desde os 18 (curioso, no mínimo), já joguei em Casinos só pela piada, mas não achei piada nenhuma em si, e agora este dinossauro não me quer vender tabaco porque duvida da minha idade cronológica?? Ainda se fosse pela mental, aí tenho de reconhecer, muitas vezes pareço uma miúda de 5 anos, e outras vezes uma velha da idade dela, mas não, segundo o Registo Civil, tenho 24 anos, a completar 25 no fim deste mês, por isso, dê-me lá o tabaco e não se fala mais disso.
- Oh (i)Ana, anda cá! Esta menina não tem 18 anos pois não?
- as velhas do café todas a olhar para mim, como se eu fosse uma criminosa e a qualquer momento pudesse barricar-me lá dentro, usando as suas carcaças como reféns e moeda de troca (por tabaco) -
- Não parece ter, não senhora...
- Está bem, vou comprar a outro sítio...
- Vá, vá, diz lá qual é o tabaco...
O tom condescendente foi fofinho (afinal sempre era para vender alguma coisa). O tratar por tu, foi nota máxima como quem diz: "Não acredito em ti, tens 15 anos, queres engrominar aqui a velhota, e ainda por cima com uma merda que faz tão mal e que vai acabar por te matar", mas eu só queria o tabaco.
No fundo, deveria ter interpretado isto como sendo um sinal. Não é suposto eu estar a deixar? Devia ter ido para casa. Mas não... Assim que chego à rua, acendo um cigarro e nunca uma merda daquelas me soube tão bem...

7 comentários:

  1. Pois é, talvez fosse um sinal... :)

    E daqui por uns anos vais adorar que te julguem mais nova.

    Ah! Parabéns por escreveres soalheiro e não solarengo, asneira que me põe a ferver. E compor em vez de compôr. :)

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  2. Realmente, era uma boa desculpa para não comprares! Às tantas a velhota lê o teu blogue e só te queria ajudar! :)

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  3. Devias ter aproveitado e desistias da ideia do tabaco. Mas se estás a reduzir, não desistas.

    E vê o lado bom da coisa "Não me parece que tenhas 18 anos."... Significa que tens bom ar. ;)

    Bjinho

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  4. «saí de casa há bocado para comprar tabaco»

    Imperativos do vício...

    PS: Gostei de passar por aqui, onde me detive demoradamente.

    Bjs

    Paulo

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  5. Não pareces ter 18... isso é bom :) (depende, vá...)

    Agora fiquei com vontade... vou ter de ir a rua é o que é!!! O pior é que está frio... hum...

    bjcaaaaaaaaa

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  6. Lol!
    Foi das limpezas certamente. Deixaram-te mais nova! ;) *

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